Morre comandante do avião da Vasp sequestrado em 1988
29/08/2020 09:39 em Política

 

À época, piloto Fernando Murilo de Lima e Silva conseguiu desestabilizar o sequestrador e evitar que o voo fosse a Brasília, onde o criminoso pretendia cometer um atentado contra o Palácio do Planalto.

 

Por Vanessa Martins, G1 GO

 

O piloto de avião Fernando Murilo de Lima e Silva morreu, aos 76 anos, após complicações cardíacas e diabetes, segundo informou a família. O profissional foi o comandante do voo da Vasp de 1988 que foi sequestrado a caminho de Brasília. Ele conseguiu desviar a rota para pousar em Goiânia e evitar um atentado contra o Palácio do Planalto.

 

Fernando Murilo morreu na quarta-feira (26), em Armação dos Búzios (RJ), onde morava. Ele foi sepultado no mesmo dia, na mesma cidade.

 

Segundo a família, Fernando Murilo atuou como piloto até os 60 anos. Ele deixa esposa e dois filhos.

 

O comandante ficou conhecido nacionalmente após o incidente de 29 de setembro de 1988. De acordo com registros da época, o voo 375 da Vasp levava135 passageiros e 8 tripulantes. O avião saiu de Belo Horizonte com destino ao Rio de Janeiro, mas foi sequestrado no meio do caminho.

 

O sequestrador, Raimundo Nonato, pretendia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. Um copiloto, que viajava como passageiro, foi ferido quando tentou impedir a entrada de Raimundo na cabine. Após anunciado o sequestro, Fernando Murilo conseguiu colocar no transponder o código de alerta internacional.

 

Em seguida, a torre de controle de Brasília chamou a cabine para confirmar se era verdade. O copiloto Salvador Evangelista levou um tiro no momento em que pegava o rádio para dar o retorno e morreu.

 

De acordo com informações da época do atentado, o sequestrador havia perdido o emprego em uma construtora devido à crise econômica que o país enfrentava e acreditava que a culpa era do presidente, na época José Sarney (PMDB), que governou o país entre 1985 e 1990.

 

Na ação, o sequestrador exigiu que o avião se dirigisse a Brasília. Como o combustível da aeronave estava acabando devido à mudança de rota, o comandante conseguiu convencer o sequestrador a pousar o Boeing em Goiânia.

 

Ao pousar em Goiânia, o avião foi cercado pela Polícia Federal, onde o sequestrador decidiu seguir para Brasília em uma aeronave de menor porte, levando o comandante como refém.

 

Segundo relatos da época, o sequestrador tentou subir em um Bandeirante [um modelo de avião] e, nessa hora, o comandante correu, mas foi baleado na perna. Nesse momento, um agente da PF atirou e acertou Raimundo no quadril. Raimundo foi socorrido, levado a um hospital, mas morreu três dias depois.

 

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